segunda-feira, janeiro 04, 2010

Viver plenamente


 

Como falar da compreensão que venho formando da vida? Posso então dizer que sou um existencialista? Ainda existe isso? Ou o que penso não se enquadra dentro desta definição?

Como caminhamos com as nossas dores! Respiramos os nossos medos, mas também os nossos desejos, prazeres. Na verdade penso que não há nada de errado como os nossos prazeres, mas o que nos faz sofrer é o apego a eles. Não há nada de errado com os nossos medos, mas o envolvimento e o cabimento que damos a eles. Não há nada de errado com as nossas dores, mas a não aceitação, a inquietude, a lástima por senti-la. Durante a vida vamos fazendo e criando as nossas concepções sobre tudo o que passamos. Estamos sempre julgando, valorizando (imprimindo um valor) às coisas. Neste processo formamos aquilo que é bom ou ruim para nós e percebam que tudo isso vem com cargas de emoções e sentimentos que variam de intensidade, forma e qualidade. Há muito de real valor que pode nos trazer uma plenitude e felicidade. E estas coisas são coisas pelas quais procuramos, mas não percebemos que são por elas que a busca é feita. Desviamos o foco do nosso objetivo para coisas que inicialmente seriam simplesmente o meio para atingi-las. Assim se verdadeiramente buscamos estar bem com as pessoas que nos rodeiam, amá-las e ser amado, respeitá-las e ser reconhecido, ao invés disso nos perdemos em desejar e buscar um artifício que inicialmente seria um meio para atingir este objetivo. Por exemplo: às vezes trabalhamos tanto que comprometemos a nossa saúde, o nosso bem estar com a família, etc. O trabalho é o meio e não o fim, mas muitos de nós estamos fazendo o contrário. Assim acontece com outras questões de nossas vidas. O belo é uma forma de buscar mais qualidade às nossas vidas, seria um meio se não transformássemos isso num fim, quando neuroticamente sofremos para manter um corpo magro. Certamente que vivemos de forma tão complexa que o nosso cérebro aprendeu a julgar algumas situações devidas e desenvolver uma forma de reagir a estes momentos de forma automática. Desta forma vivemos demais ligados no que eu metaforicamente chamaria de "piloto automático". Este piloto automático que inicialmente seria uma forma de facilitar a vida vem nos escravizando, nos tornando zumbis, e vivemos anestesiados pelos ciclos viciosos dos comportamentos reagentes. Vivemos então reagindo com automaticidade ao cotidiano. A pergunta é há possibilidade de vivermos plenamente a vida?


 


 


 

Um comentário:

Anônimo disse...

Serginho, que belo texto!...Profundo, poético, gostoso de ler...bj