sexta-feira, novembro 05, 2010

caminho


Só caminho assim,

Assim caminho só

Caminho assim, só

Lado a lado com você

Ora de mãos dadas,

Ora sorrindo pro teu sorriso

Se tudo são flores?

Certamente não

Mas quando não tem, plantamos

E a paisagem rude

Precisa de apoio novamente

Me dá a mão?

Posso agora caminhar um pouco sozinho?

terça-feira, outubro 26, 2010

Sossega, coração! Não desesperes!

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa

domingo, outubro 17, 2010

Elemento de Insight Meditativo



"Varaa, o Javali. Originalmente o porco sagrado de um culto primitivo que tornou-se um avatar de Vishnu depois de um segundo dilúvio. Cavando sob a água com as presas, fez subir a terra e reestabeleceu a terra firme. Representa a força do elemento Terra. É a força elemental que se necessita para a Grande Obra Alquímica. É a energia que transforma o chumbo em ouro."

terça-feira, outubro 12, 2010

Tudo e Nada

"Tudo e nada


Kalu Rinpoche
Você vive na ilusão e na aparência das coisas.
Há uma realidade, mas você não a conhece.
Quando compreendê-la, vai ver que você não é nada,
E, sendo nada, você é tudo.
Isso é tudo.
Kalu Rinpoche (Tibete, 1905 ~ Índia, 1989)
“The Dharma That Illuminates All Beings Impartially Like the Light of the Sun and Moon”
citado por Jack Kornfield, em “The Buddha is Still Teaching” "

http://samsara.blog.br/2010/09/tudo-e-nada/

quarta-feira, outubro 06, 2010

INCÓGNITA


Numa incógnita eu tropecei

E pelo mar de surpresas naveguei

Embora por entre tempestades

O que mais me apavorou foi a calmaria   

Pois nada dizia

E a luz tênue do dia   

me incomodava...

Sempre preferi a luz da lua e das estelas

Pois sempre me deixaram ver o negro do misterioso infinito.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Plenitude


Esteja onde estiver que seja feliz.

O seu nome é um bálsamo que suaviza minha dor

Sua lembrança me faz feliz

Os caminhos por onde andou nasceram flores

e eu não ouso roubá-las.

Hoje você está comigo e amanhã será uma dádiva

o dia em que vier me visitar.

Assim somos todos um só

E bem aventurados somos por termos andado lado a lado.

Que toda a existência seja testemunha deste amor.

segunda-feira, setembro 13, 2010

VÁCUO


Não esteja na cidade onde eu estiver

Não deixe o seu nome surgir por onde eu passar os meus olhos

Saia de todas as minhas lembranças

Não pise por onde eu vou pisar

Não fale com nenhum de meus amigos, parentes e conhecidos.

Deixe de existir no meu passado,

Nunca se apresente no meu presente

Não se atreva a ser uma probabilidade no meu futuro

Assim nunca terás de me pedir perdão

E nunca teria eu que te perdoar por nada

Pois nada aconteceu

Nada existiu

E se algum resquício, algum fragmento, alguma milionésima parte de um grão de areia restar

Que isso seja sugado pelo mais longínquo buraco negro que estiver deste Universo.

Mas do que eu estou falando mesmo???

sexta-feira, setembro 10, 2010

Heavy Metal Do Senhor


Heavy Metal Do Senhor

Composição: Zeca Baleiro

"O cara mais underground
Que eu conheço é o diabo
Que no inferno toca cover
Das canções celestiais
Com sua banda formada
Só por anjos decaídos
A platéia pega fogo
Quando rolam os festivais...

Enquanto isso Deus brinca
De gangorra no playground
Do céu com santos
Que já foram homens de pecado
De repente os santos falam
"Toca Deus um som maneiro"
E Deus fala
"Agüenta vou rolar
Um som pesado"

A banda cover do diabo
Acho que já tá por fora
O mercado tá de olho
É no som que Deus criou
Com trombetas distorcidas
E harpas envenenadas
Mundo inteiro vai pirar
Com o heavy metal do Senhor..."


terça-feira, setembro 07, 2010

domingo, setembro 05, 2010

Soneto a Quatro Mãos (Paulo Mendes Campos/ Vinicius de Morais)


Soneto a Quatro Mãos (Paulo Mendes Campos/ Vinicius de Morais)

Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.
Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Marcas Esquecidas

Você fica em silencio ao meu lado

E no silêncio vai a sua presença,

o seu cheiro, a sua essência.

E assim aquilo que me cativava

Vai se tornando tênue, vago,

Como a areia levada pelo vento.

E quando der por mim

Não saberei mais de ti.

Nem presença

Nem lembrança.

E as cicatrizes que eu der por conta

Serão marcas esquecidas.


 


 


 


 

sábado, julho 03, 2010

Poeta


Poeta é aquele que escreve apaixonado
E não deixa que a razão embote o coração.

A moça Molhada


Lá vai a ensandecida
correndo nua na rua da solidão.
e ensopada de sopa feita na cama
carrega uma calcinha na mão.

O penduricalho rijo, rosado, difuso...
Os braços abertos levantam o peito,
sacodem os seios, botões eriçados.
Pelos escuros embaixo,
claros no resto do corpo.
Podem-se vê-los arrepiados de frio,
calafrio, tudo de pé.

Cabelos longos castanhos claros
ondulam-se como o mar sereno.
A barriga é um tanque raso, soft...
O umbigo um ralo vulcanizado.

Tudo está nu.
Até os pés que descalços estão
mostram a mais bela sensualidade ao tocar o chão
gélido e duro.

As narinas dilatadas
buscam sugar o ar com urgência.
Os olhos aboticados
caçam qualquer sinal de salvação

As nádegas compridas
desvelam agora músculos tensos pelo terror.
A boca uma caverna
ora escura, ora rosada,
ora sedenta, ora molhada,
por onde passam os ecos do desespero.

Pobre moça caiu de joelhos no chão,
une as mãos ao ventre
Agora encurvada, de cabeça baixa
soluça e treme.
Os calcanhares perfuramos glúteos
e ali fica minutos...

A tempestade vai passando
O corpo se ergue
e agora dança na andança
e segue molhada na chuva que cai

Anda serena de olhos fixos ao longe
entra em casa
deita na cama
E agora dorme em paz.

terça-feira, junho 29, 2010

Vulcão da vida


Existe uma tormenta que vem quem nem tsunami
Ela vem num turbilhão roendo tudo, esmagando, trucidando
Arrancando as raízes mais profundas       
Não há melhor remédio senão não resistir
Não há melhor atitude que não rejeitar a dor
A transcendência somente acontece depois que se deixa o curso das coisas irem
Só há decida após o cume da grande subida   
O círculo só se completa no limite entre o começo e o fim.
E aí sim o grande alívio, a plenitude, a totalidade, tudo é sereno, tudo é paz,
Uma entorpecência natural do ser.
Louvada seja toda a existência.

terça-feira, março 16, 2010

dor


Dor é uma essência que me exala agora
Uma sombra que me rodeia
Um gás que respiro
Um purgante que degusto


A dor que paira e para e zomba
É uma coisa que me maltrata
Me mata e desmata
Me faz tremer, me sacoleja
Me deixa embriagado
Será a dor uma contramão da vida?
Um alarme de que? De que se vai mais sofrer?
Que vivência e tanto!

sexta-feira, março 12, 2010

Memórias do Café Nice

Memórias Do Café Nice
(monalisa/Artúlio Reis)

Ai que saudade me dá
Ai que saudade me dá
Do bate-bapo do disse me disse
lá no café nice ai, que saudade me dá

Ai que saudade me dá
Do bate-bapo do disse me disse
lá no café nice ai, que saudade me dá

De Cadilac chegava o Chico Alves
Logo no samba queria entrar
O Ismael só na de pão com manteiga,
esquecia a nega, pra poder ficar

E eu no samba, varava a madrugada
O café Nice era um pedaço do céu
Num canto batucava João de Barro,
Lamartini, Pixinguinha, Almirante e Noel

...mostrava a carne e o que é que a baiana tem
Ari Barroso no piano, reclamava
que Donga fez um samba que nao é de ninguém
E o Metralha varava a madrugada,

o Café Nice amanhecia em festa
Cartola afinava a viola
que pena que agora a saudade é o que resta

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Caminhos da vida




Vitalidade: ímpeto vital, movimento, impulso, alegria de viver, libertar-se, voar.
Sexualidade: pro-criar-se, prazer, deleite, Imersão dionisíaca.
Criatividade: exploração, criação, expressão, re-criação, busca, descobertas.
Afetividade: União, contato, relação, amor.
Transcendência: Transposição do ego, fusão com o outro, o ambiente, religar-se à totalidade.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Viver plenamente


 

Como falar da compreensão que venho formando da vida? Posso então dizer que sou um existencialista? Ainda existe isso? Ou o que penso não se enquadra dentro desta definição?

Como caminhamos com as nossas dores! Respiramos os nossos medos, mas também os nossos desejos, prazeres. Na verdade penso que não há nada de errado como os nossos prazeres, mas o que nos faz sofrer é o apego a eles. Não há nada de errado com os nossos medos, mas o envolvimento e o cabimento que damos a eles. Não há nada de errado com as nossas dores, mas a não aceitação, a inquietude, a lástima por senti-la. Durante a vida vamos fazendo e criando as nossas concepções sobre tudo o que passamos. Estamos sempre julgando, valorizando (imprimindo um valor) às coisas. Neste processo formamos aquilo que é bom ou ruim para nós e percebam que tudo isso vem com cargas de emoções e sentimentos que variam de intensidade, forma e qualidade. Há muito de real valor que pode nos trazer uma plenitude e felicidade. E estas coisas são coisas pelas quais procuramos, mas não percebemos que são por elas que a busca é feita. Desviamos o foco do nosso objetivo para coisas que inicialmente seriam simplesmente o meio para atingi-las. Assim se verdadeiramente buscamos estar bem com as pessoas que nos rodeiam, amá-las e ser amado, respeitá-las e ser reconhecido, ao invés disso nos perdemos em desejar e buscar um artifício que inicialmente seria um meio para atingir este objetivo. Por exemplo: às vezes trabalhamos tanto que comprometemos a nossa saúde, o nosso bem estar com a família, etc. O trabalho é o meio e não o fim, mas muitos de nós estamos fazendo o contrário. Assim acontece com outras questões de nossas vidas. O belo é uma forma de buscar mais qualidade às nossas vidas, seria um meio se não transformássemos isso num fim, quando neuroticamente sofremos para manter um corpo magro. Certamente que vivemos de forma tão complexa que o nosso cérebro aprendeu a julgar algumas situações devidas e desenvolver uma forma de reagir a estes momentos de forma automática. Desta forma vivemos demais ligados no que eu metaforicamente chamaria de "piloto automático". Este piloto automático que inicialmente seria uma forma de facilitar a vida vem nos escravizando, nos tornando zumbis, e vivemos anestesiados pelos ciclos viciosos dos comportamentos reagentes. Vivemos então reagindo com automaticidade ao cotidiano. A pergunta é há possibilidade de vivermos plenamente a vida?


 


 


 

domingo, janeiro 03, 2010

Ano novo, vida nova.



Ano novo. Todas as situações são novas. Tudo pode parecer o mesmo, mas nada é igual. A vida segue o seu curso como um rio que não para. O mais interessante é como percebemos tudo isso. A minha visão da vida; A minha impressão da vida; A minha leitura; a imagem que faço deste mundo. Sei que esta percepção da vida tenta ser a mais fiel possível, mas a complexidade da realidade exige muito de um ser em fase de aprendizagem e por muitas vezes entendo que esta percepção não sai tão fiel e assim tenho uma tradução equivocada de algumas situações. Percebo esta possibilidade de falha mas alegro-me em compreender que desta forma e por isso mesmo sou livre. Livre para tomar as minhas decisões, livre para traçar o meu caminho, livre para seguir meu rumo. A problemática mais refletida na busca de seu entendimento pelo ser humano é a questão da felicidade e do sofrimento. Talvez eu discorra em outro blog sobre ela, mas gosto de sempre buscar a função das coisas nas nossas vidas. Toquei neste ponto porque nesta seqüência de um caminho percorrido deparo-me como momentos de felicidade e momentos de dor, sofrimento. E natural me parecer ser que nos momentos de felicidade eu os viva intensamente sem fazer questionamento algum, já que penso ser a felicidade o "default" da vida. Porém nos momentos de dor a tendência do ser é a negação desta. Ninguém quer sofrer, ninguém quer sentir dor, todos buscamos a felicidade e o prazer, não querendo aqui fazer parecer que uma é o oposto da outra. Vem-me então a busca do entendimento da dor e do sofrimento. Passo a refletir e me vem um pensamento, um questionamento: Porque buscamos fugir de algo que apenas reflete uma causa. Não seria esta dor simplesmente um sintoma de alguma coisa que não anda bem? Por exemplo: a dor de um ente que se foi. Há outra alternativa senão simplesmente vivenciá-la em toda a sua plenitude e intensidade? Não seria desta forma uma causa transcendente e necessária para se elaborar algo que se traduz pela perda, sentimento de falta, saudade? Mas são complexas demais as tão diversas causas pelas quais sofremos e cada uma delas poderemos buscar um entendimento de como a vida as leva. A nossa tão torpe percepção e leitura das situações podem causar este sofrimento então. Então é necessário que tomemos distâncias de nós mesmos, de nossos movimentos, para que possamos ver com mais amplitude as tramas pelas quais nos envolvemos. Muitas vezes, ingenuamente podemos estar causando o nosso próprio sentimento. Ora, Sérgio, agora você descobriu a roda: Não parece óbvio e já aceito que muitas vezes somos os causadores de nossa dor? Pode sim parecer óbvio, mas isso não é o que verdadeiramente entendemos emocionalmente. (depois continuo)