sábado, julho 03, 2010

Poeta


Poeta é aquele que escreve apaixonado
E não deixa que a razão embote o coração.

A moça Molhada


Lá vai a ensandecida
correndo nua na rua da solidão.
e ensopada de sopa feita na cama
carrega uma calcinha na mão.

O penduricalho rijo, rosado, difuso...
Os braços abertos levantam o peito,
sacodem os seios, botões eriçados.
Pelos escuros embaixo,
claros no resto do corpo.
Podem-se vê-los arrepiados de frio,
calafrio, tudo de pé.

Cabelos longos castanhos claros
ondulam-se como o mar sereno.
A barriga é um tanque raso, soft...
O umbigo um ralo vulcanizado.

Tudo está nu.
Até os pés que descalços estão
mostram a mais bela sensualidade ao tocar o chão
gélido e duro.

As narinas dilatadas
buscam sugar o ar com urgência.
Os olhos aboticados
caçam qualquer sinal de salvação

As nádegas compridas
desvelam agora músculos tensos pelo terror.
A boca uma caverna
ora escura, ora rosada,
ora sedenta, ora molhada,
por onde passam os ecos do desespero.

Pobre moça caiu de joelhos no chão,
une as mãos ao ventre
Agora encurvada, de cabeça baixa
soluça e treme.
Os calcanhares perfuramos glúteos
e ali fica minutos...

A tempestade vai passando
O corpo se ergue
e agora dança na andança
e segue molhada na chuva que cai

Anda serena de olhos fixos ao longe
entra em casa
deita na cama
E agora dorme em paz.